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Suspeito de matar sargento Dias denuncia sofrer agressões dentro do cárcere

Após a denúncia de alegada tortura vivida no cárcere, a Justiça concedeu, na última sexta-feira (8 de março), a autorização para realizar o exame de corpo de delito em um dos suspeitos de envolvimento na morte do sargento Roger Dias, em Belo Horizonte. A defesa do suspeito que teria atirado contra o militar argumenta que o cliente sofreu retaliações no presídio por parte de policiais penais, o que justificou a sua transferência para outra penitenciária. Segundo o advogado, policiais militares teriam invadido o presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, onde o suspeito estava detido, durante a madrugada, e supostamente perpetrado agressões. Atualmente, ele está recluso na Nelson Hungria, em Contagem.

O advogado Bruno Rodrigues alega que as agressões ocorreram em 6 de fevereiro. “Meu cliente sofria retaliação dos policiais penais na unidade prisional. Inclusive, policiais militares estavam indo até lá para agredir o preso. Pegavam meu cliente, o arrastavam de madrugada para uma cela isolada, e os outros presos escutavam os gritos de socorro. Fiquei sabendo das agressões por outro preso, que pediu à família dele para entrar em contato comigo”, relata o advogado.

De acordo com o defensor, quando teve acesso ao cliente, ele estava “todo machucado”. “Meu cliente relatou que levava tapas na cara e sofria outras agressões de policiais militares, que enrolavam blusas nas mãos para não deixar hematomas. Mas o rosto dele ficou todo machucado. Pedimos vários exames de corpo de delito”, detalha.

O advogado afirma que o cliente não foi apresentado durante uma audiência de custódia devido às agressões. O ato processual ocorreu em 7 de fevereiro, mas o detento participou remotamente. “Não o levaram, alegaram que estava com sarna, mas descobri que é mentira. Depois da audiência, fui ao presídio, vi ele todo marcado, pedi acesso à pasta de saúde, não tinha exame de sarna, não tem nada disso. Depois pedi acesso às câmeras de segurança porque recebi informações de que no dia, meu cliente foi levado até a portaria, mas estava todo ensanguentado. Um policial penal disse que não poderia levá-lo daquele jeito porque daria problema para a diretoria. Daí mandaram lavar o machucado e voltaram com ele para cela e não o levaram para a audiência. Mas o presídio não quer fornecer essas imagens”, disse.

Denúncia de retaliação Segundo um documento apresentado pela defesa do réu, durante uma audiência de custódia online, o suspeito de envolvimento foi alvo de retaliações. “O réu tentou falar baixo e a juíza não ouvia. Ela reclamou do áudio baixo. O réu então levantou a câmera para mostrar o porquê de falar baixo. Estava sendo vigiado para não denunciar os abusos sofridos”, revela o texto. A defesa pede que as próximas audiências não sejam realizadas online, justificando que seria “impossível para o réu falar abertamente sobre violência dentro de uma unidade prisional”. Os advogados consideram que o caso envolve violência estatal.

Transferência Após a apresentação das alegações da defesa, o juiz do Tribunal do Júri autorizou a transferência do preso para o presídio Nelson Hungria. Ainda assim, segundo Rodrigues, o suspeito continua a sofrer retaliações por parte de policiais penais. Enquanto apura os fatos, a Justiça recomendou que a unidade prisional instale câmeras diante da cela do custodiado, além do exame de corpo de delito. O Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen), a Polícia Militar e a promotoria de direitos humanos foram notificados sobre as denúncias. A reportagem procurou a Polícia Militar, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Ministério Público de Minas Gerais e aguarda resposta.

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