O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos. A morte foi confirmada pelo Vaticano e ocorreu às 2h35 (horário de Brasília), 7h35 no horário local.
Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica e ocupou o cargo por 12 anos. Seu pontificado foi marcado por carisma, apelo popular e tentativas de reforma interna, apesar da resistência de setores conservadores da Igreja.
Logo após sua eleição, em 13 de março de 2013, Francisco sinalizou um novo estilo de liderança ao aparecer na varanda da Basílica de São Pedro sem os tradicionais ornamentos papais. Seu jeito simples, direto e sensível às causas sociais conquistou milhões de fiéis pelo mundo.
Saúde frágil e agenda ativa
Nos últimos anos, Francisco enfrentou sérios problemas de saúde. Desde 2022, passou a se locomover com cadeira de rodas ou bengala. Sofreu com dores crônicas, dificuldades respiratórias e chegou a ser hospitalizado por dez dias em junho de 2023, quando foi submetido a uma cirurgia de hérnia abdominal.
Mesmo com as limitações, manteve uma agenda ativa. Em setembro de 2024, fez a viagem mais longa de seu pontificado, passando por Papua-Nova Guiné, Timor Leste, Indonésia e Singapura. Em março deste ano, cancelou a participação na Via-Crúcis em Roma, mas conseguiu celebrar a missa de Páscoa dias depois.
Pontificado marcado por justiça social e reformas
Francisco ficou conhecido por defender a justiça social, a proteção do meio ambiente e os direitos dos migrantes. Foi crítico do neoliberalismo e constantemente pediu atenção às periferias sociais e geográficas do mundo.
Buscou modernizar a estrutura da Cúria Romana e enfrentar crises internas, como os escândalos de abusos sexuais na Igreja. Uma de suas medidas mais simbólicas foi abolir o “sigilo pontifício”, permitindo maior transparência em casos de abusos cometidos por religiosos.
Também promoveu o protagonismo feminino na Igreja. Em 2024, nomeou Raffaella Petrini como responsável pelo Governo do Estado da Cidade do Vaticano, uma função administrativa central da Santa Sé. Na mesma ocasião, pediu o fim da “mentalidade machista” na Igreja.
Legado e resistência
Apesar das reformas e de sua popularidade, Francisco enfrentou forte oposição de alas conservadoras do catolicismo. Críticas internas se intensificaram, especialmente por seu estilo direto e decisões centralizadas. Mesmo assim, seu legado humanitário e seu esforço de aproximação com outras religiões, como o islã e o cristianismo ortodoxo, marcaram sua liderança.
Durante a pandemia de COVID-19, uma imagem de Francisco rezando sozinho sob chuva na Praça de São Pedro vazia emocionou o mundo e se tornou símbolo de fé e resiliência em tempos difíceis.
Nota do Vaticano
Em nota oficial, o cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Igreja Católica, lamentou a morte do pontífice:
“Às 7h35 desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo de verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”